Coleção Débora Montenegro: Céu, constelações e o “sonho” tornado realidade pela mão da Leitão & Irmão Joalheiros

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Depois da apresentação em Lisboa, foi a vez do norte contemplar a nova coleção da Leitão & Irmão Joalheiros. Junto às margens do Douro, as peças de “sonho” da sua criadora estiveram em exibição no Vinha Boutique Hotel, num fim de tarde primaveril, no passado mês de maio. A JoiaPro conversou com Débora Montenegro e Jorge Leitão, os responsáveis por uma coleção exclusiva da joalharia portuguesa.

Como nasceu a parceria com a casa Leitão & Irmão?

DE: Nasceu há cerca de quatro anos, depois de ter recebido um convite para ser embaixadora da Leitão & Irmão, foi aí que comecei a apreciar mais as joias, a apreciar toda a história da Leitão & Irmão e comecei a perceber que gostava de lançar uma linha que fosse assinada por mim e desafiei o senhor Leitão a fazê-lo. Antes do desafio percebi que estava no sítio certo para poder fazer isto. O senhor Jorge Leitão abraçou a ideia, que passava por algo mais jovem, em que as pessoas pudessem usar todos os dias e mudar um pouco o conceito de uma joia. Uma joia deve ser eterna, mas pode ser algo que não usemos só numa ocasião especial. Queria fazer uma linha em que tivesse uma boa relação qualidade preço, em que jovens e pessoas da minha idade tivessem um poder aquisitivo. A partir daí, criei esta coleção baseada nas estrelas, no céu, nas constelações, uma linha simples, elegante, em ouro e diamantes.

O que serviu de inspiração para que o mote desta coleção fosse a “paz, sonho, amor”?

DE: Quando criei a coleção estava numa viagem em Bali e lembro-me que estava a escrever o mood-board desta coleção. A praia e o céu serviram-me de inspiração naquela noite e ao imaginar o storytelling nasceu a ideia de fazer uma coleção baseada nas constelações. De facto senti-me inspirada por aquele cenário noturno, as estrelas e a lua. A partir daí comecei a desenhar o ouro com os diamantes, o quê que brilha, como vão ficar a parte dos fechos, porque estes fechos (da coleção) são adaptáveis a qualquer pulso, não é um fecho tradicional. Existem muitos pormenores, um pouco diferentes que a tornam parte de nós. Esta coleção faz parte de mim, eu não a tiro para dormir, não tiro para ir ao ginásio. Pretendia mudar mentalidades com uma coleção que faça parte do nosso quotidiano e não apenas em ocasiões especiais.

Como é trabalhar num local como a casa Leitão & Irmão?

DE: É uma honra, porque realmente é uma estrutura muito grande e muito antiga, com pessoas que trabalham lá há muitos anos. Desde o Sr. Leitão, às pessoas que trabalham nas oficinas, nas lojas, toda a gente se envolveu neste projeto e de facto para mim é uma honra trabalhar com pessoas que abraçaram o meu sonho, mas também sentem que é o sonho delas. É uma honra trabalhar com alguém com tantos anos de história, pessoas que eram joalheiros de coroa, desenhavam as coroas dos reis. Eu não podia estar no melhor sítio, para mim é uma grande referência. Eu olho para estas peças, continuo a adorá-las, mas quero criar peças que complementem estas. Eu sou uma sonhadora, todos os dias acordo com um sonho, todos os dias acordo com uma ideia nova e às vezes é difícil as pessoas acompanharem-me. A casa Leitão & Irmão abraçou os meus sonhos, eles entendem aquilo que eu gosto e todos

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Como foi criada a coleção, conte um pouco a sua história?

JL: Esta coleção é uma iniciativa da Débora que veio ter connosco, propor-nos fazermos uma coleção de joias. Confesso que na altura não teria grande sucesso, não disse que não, porque alguém que vem ter connosco e propor fazer alguma coisa deve ser acolhida. Um pouco para minha surpresa a Débora mostrou-se uma pessoa persistente, trabalhadora, resiliente, com boas ideias e realmente a coleção nasceu. Isto passou-se há ano e meio. As primeiras peças terão nascido antes da pandemia e a coleção nasceu na realidade já na pandemia.

Esta coleção neste tempo tão peculiar é uma afirmação da Leitão & Irmão em mostrar ideias, mostrar conceitos, projetar a marca?

JL: Passa em pouco por aí, não podemos parar. O mundo não parou, o mundo não vai parar, portanto manter a atividade é de uma enorme importância e vencer a inércia é o mais difícil. Nós também não paramos. A nossa história recua a 1822, faz no próximo ano 200 anos, que o Sr. José Pinto Leitão concluiu no Porto a sua aprendizagem de ourives, e nesse ano foi aceite pelos seus pares como ourives de ouro, com autorização para montar uma oficina e ter aprendizes. Somos aliás uma empresa do Porto. Trabalhamos com oficinas do Porto, da Alemanha, com tecnologia dos Estados Unidos, enfim, somos portugueses, temos muito orgulho nisso, mas não sentimos restrição. Tudo o que mandamos fazer fora da nossa oficina, são produtos que também fazemos na nossa oficina, embora se dê muito trabalho fora, e ainda bem, porque se centrarmos o trabalho todo em nós, não só é arriscado em momentos de alguma crise, como não potencia o crescimento, porque está reduzido a si próprio. Mas este conceito existe na Casa Leitão há 150 anos, não é de agora.

Leia a entrevista na íntegra na JoiaPro 85.

11 de Agosto, 2021
EntrevistasOurivesaria

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