“Temos uma história que percorre quase 200 anos”

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Por entre dezenas de gavetas e estantes, a Ourivesaria Rosas guarda meticulosamente pedaços de história nacional. Conversamos com José Rosas, que nos desvendeu parte da história desta casa.

É desse legado que vive a Ourivesaria Rosas… 

Sempre fomos nós que fizemos os desenhos. Temos um acervo de cerca de três mil desenhos e outros tantos de gessos e cunhos, acervo esse que chegou a estar espalhado pelos “quintais” da família, mas conseguiu-se reunir tudo. A casa esteve até 1984 na Rua das Flores, embora já tivesse aberto aqui na Boavista em 1977, onde concentrou a sua atividade. O genro do fundador, José Rosas, era na minha opinião um visionário, com um apuro comercial fantástico, aliás, em 1903 faz um catálogo de vendas por correspondência, que é algo que não existia em Portugal. Era uma pessoa que estava bem relacionada, fazia obras de caráter religioso, militar, ofertas de Estado. José Rosas Jr.º, seu filho, teve uma educação muito completa para a época, escolas de renome e professores privados, ao exemplo do mestre Teixeira Lopes, e desde os seus 16 anos estudou em Paris e em Inglaterra. Que foram, digamos assim, bases diferentes daquilo que se fazia e, quando regressa, começa a dar uma dinâmica diferente à casa. 

Existe aqui uma linha temporal e histórica que se cruza com a sua família… 

Já estamos aqui na terceira geração e entra o meu pai, que queria ser professor de ciências naturais, mas o chamamento foi mais forte. Foi o primeiro gemólogo português, o que na altura era uma ciência relativamente recente. O meu avô já tinha tido alguma formação em Inglaterra no Gold Smith Institute de Londres. O meu pai deu essa continuidade na Gemmological Association of Great Britain, ainda hoje academia de referência. Isso traz um conhecimento das gemas e dá uma segurança aos clientes muito grande. 

O que permite a construção sólida de um legado… 

Quem faz o restauro das joias da coroa somos nós. O meu avô fez muitas obras para as embaixadas, muitas obras para o Estado, e descobriu as joias da coroa guardadas na Casa da Moeda desde a implantação da República. Estamos a falar dos anos 40. Ele é incumbido de fazer o restauro das joias, que estão finalmente em exposição permanente no Museu do Tesouro Real. Todas aquelas joias foram restauradas pela nossa casa. O meu pai ajudou nesse processo, com os trabalhos a iniciarem-se em 1941 até 1954. Foi um trabalho que trouxe bastante prestígio. As joias que estão lá passaram todas pelas nossas mãos. Quando o meu avô nos deixa em 1958, o meu pai toma conta do legado, trazendo modernidade à casa. Como biólogo de formação, introduz os temas vegetais e zoomórficos nas suas conceções, quer em joias, quer em pratas. 

Leia a entrevista completa na JoiaPro 99.

14 de Maio, 2025
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