“As pessoas são as verdadeiras joias”

Mulher determinada, com pensamento próprio, e otimista por natureza. É assim que começa por se definir Ana Cardim, a protagonista desta conversa apaixonante. Como designer de joias, opera no terreno da realidade pragmática e defende acerrimamente o papel da mulher na redefinição de um novo quadro de mentalidades. “Gostaria que o meu trabalho pudesse contribuir, de forma eficaz, para uma melhoria significativa na nossa sociedade. São estes sonhos, bem concretos e definidos, que nutrem a minha força motriz: o lugar onde se define a minha identidade”. Antes de passarmos à entrevista, conheça a história de Ana Cardim, a origem da sua marca – à qual “empresta” o nome, as lutas que trava como empreendedora e os valores que promove enquanto “artista-ativista”, mulher e mãe.
Iniciei as primeiras experiências de expressão criativa através da joalharia há cerca de 25 anos. Senti de imediato uma vontade inata por criar joias que ultrapassassem as fronteiras comuns do mero adorno. Descobri, passados alguns anos, uma linguagem própria através da joalharia de autor que me permitiu questionar, com originalidade intelectual, os contornos do contexto social em que vivemos. Este percurso foi fortemente marcado pela componente de formação académica ao nível da teoria e da filosofia das artes. Foi nesse contexto que entendi a transversalidade do ato artístico e o seu potencial de impacto sobre a realidade ao nível do pensamento coletivo.
No âmbito da joalharia de autor, criei o conceito de “joia-dispositivo” enquanto veículo de crítica na esfera pública e desenvolvi diversos trabalhos de caráter multidisciplinar durante o tempo que vivi em Barcelona. Contei com o apoio por parte de diversas entidades institucionais para a concretização e promoção desses projetos.
Há 12 anos fui mãe. Foi uma revolução total na minha vida como mulher e, sobretudo, como artista. Tive de rever todas as minhas prioridades e colocar de lado todos os projetos artísticos que tinha imaginado continuar a desenvolver. Foi então que decidi iniciar um projeto mais acorde com a minha realidade e que não só desse resposta à minha autonomia financeira, mas que pudesse também, e simultaneamente, ir ao reencontro dos ideais que defendia e acreditava como artista.
Soube desde o início que seria um processo tão longo quanto penoso no caminho da perseverança. Surge assim em 2014 o embrião da minha atual marca de joias através de uma marca de bijuteria que ficou registada como “Restart Collection”.
Leia toda a conversa na JoiaPro 98.
15 de Outubro, 2024
Entrevistas